liberdade: liberdade

liberdade

10.1.09

liberdade

tenho um segredo, um pensamento de futuro por analisar…
fui a primeira neta/criança de duas famílias de avós, ditas tradicionais, e durante seis anos, até à minha irmã nascer, tive os colos, os olhos, as vozes, e os (a)braços, todos só para mim. sei hoje, porque reparo com mais atenção no caminho que fiz e que me pertence, que essa época foi a que melhor me marcou. e embora me lembre pouco dela, sinto-a como importante, segura, determinante e feliz. os meus pais, quiseram-se “modernos”, informados, cultos, mais livres das convenções, e até aos meus treze anos, acrescentei aos colos, (a)braços, olhos e vozes, dos meus avós, as cavalitas as mãos e as palavras deles também. depois quando se perdeu a família, tal e qual como eu a conhecia, olhei em frente para o mundo e sonhei com o construir da minha. até há uns anos, raramente voltei a olhar para trás, raramente parei de sonhar… como o pensamento/dúvida é difícil quem sabe de explicar, avanço. entre conceitos e sentires meus, do nada e de tudo, vivi em família mais uma vez, desejando que fosse para sempre. aprendi mais tarde que o compromisso/lealdade com a nossa verdade, entre outras coisas, é absolutamente essencial para que tudo corra bem e evolua no tempo. também perdi essa minha-família, tal e qual como a tinha sonhado. segui em frente e sempre com coragem pus-me a crescer, a crescer… a aprender, aprender, a ser livre. enquanto olhava para o mundo e reparava o quanto mudava, também como eu tão rápido… percebi então que já não acreditava em famílias, pelo menos não para mim, na medida que já tive delas. indo directa ao assunto… será que me é possível construir e acreditar num outro modelo, actualizado, mais ajustado às verdades, que já não são as da sociedade, mas sim as do indivíduo, de cada um, de “família”, será? imagino-a então assim: um ele e uma ela, cada um respectivamente com os filhos, os mais lindos do mundo, claro :), livres, atentos, amantes, amigos, exemplos, cúmplices, inteligentes, diferentes, corajosos e por isso acima de tudo em verdade. cada um no seu espaço vital, todos juntos, às vezes, a saber que nos pertencemos também e que o compromisso nos acrescenta.
quando leio anthony giddens, grande sociólogo britânico de quem gosto muito, que tenta analisar, e quem sabe, reformular a teoria social e reexaminar a compreensão do desenvolvimento e da modernidade, pergunto-me/te: será que pode haver uma família, ainda que assim? é que caso contrário e apesar do meu crescimento, me ter colocado na verdade, naquela que é a minha medida certa, posso eventualmente apaixonar-me mas não posso novamente amar.
será?
(responderam-me que sim, e tendo em conta, o aparente mais conservador formato, de quem me respondeu, foi muito catalizadora a resposta: ( - SIM É POSSÍVEL!) :) (abri uma excepção na utilização das maiúsculas...).